Pular para o conteúdo principal

Crise... crises...




Esta é uma palavra muito usada contemporaneamente: crise econômica, crise do matrimônio, crise do senado (da política), crise das identidades, crise... crise...

No seu original grego KRISIS o significado é de ação ou faculdade de distinguir, ação de escolher, decidir julgar etc (Ver dicionário HOUAISS). Não é, de acordo com esta definição, algo ruim, mas delicado porque exige discernimento, coragem de encarar o problema e tomar uma decisão que ajuda a sair de determinada situação.

Na cultura chinesa um ideograma representa este conceito trazendo dois elementos: perigo e oportunidade. Novamente, tem-se uma situação de cautela e discernimento...

Quando no mundo da economia, da política, da família do tal amor... as coisas não estão em equilíbrio, quando os problemas se avolumam a ponto que não há condições corrigí-los sem grandes danos ai estamos diante de uma crise. Quando em um casamento os problemas da falta de diálogo, da desconfiança, do individualismo exarcebado se acumulam e o casal não consegue convier em equilíbrio, ou seja, compartilhando os acontecimentos do dia a dia, respetando as limitações de cada um, diz-se estar em crise...

Na economia, ao passo que a cadeia de consumo começou a falhar e, consequentemente, afetar a cadeia de produção, o lucro de empresas foi afetado, teve-se um desequilíbrio de uma determinada ordem econômica, logo, a crise se instaurou.

Sinceramente, não tenho medo da crise. Não é ela em si o problema, porque sabemos que de algum modos estamos sempre sendo desafiados e a incerteza nos acompanha sempre. A questão é ter a coragem e o discernimento necessários para recompor as energias e retomar a vida superando a crise e entrando em novo equilíbrio. As crises têm um poder destrutivo sobre as coisas que não funcionam bem, mas por outro lado, elas têm a grande capacidade regenerativa, elas desafiam todos nós a recompor a vida como diz o sambinha de Noite Ilustrada: "levanta,sacode a poeira e dá a volta por cima"...

Não saberia elaborar uma frase de efeito ou conclusiva sobre a crise, mas as muitas crises que passei e que vejo as pessoas passarem - até o próprio mundo do capital - me fazem perceber como é surpreendente a faculdade humana de reconhecer a queda e mobilizar forças para erguer-se novamente - e mais impressionante ainda é a capacidade de nem sequer reconhecer ou notar que as coisas precisam de reparos ou de maior cuidado. Duas dimensões que nos tornam, de certo modo, contraditórios...

Escrito num fim de tarde de setembro...

Comentários

  1. É meu amigo, sinto algo diferente em suas palavar, o José Aderivaldo que eu conheço... Mais saiba que a quise passa depende de cada um de nos. kkk sabe de que falo.

    Bjossss adimiro vc por demais.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado por sua contribuição! Em breve postaremos o seu comentário.

Postagens mais visitadas deste blog

Sua bisavó foi pega a dente de cachorro? Presença indígena na história de Santa Luzia

Rommeryto em aula de Campo na Cacimba da Velha Não foi de poucas pessoas que ouvi a expressão: “minha bisavó foi pega a dente de cachorro”. Se trata de mais uma das características que fazem parte da memória coletiva ou do imaginário do povo de Santa Luzia. Essa expressão, assim como palavras como Yayu, Tapuio, Quipauá são evidências de um passado marcado pela existência de nações indígenas no território que hoje é o nosso município. O historiador santaluziense Rommeryto Augusto fez um brilhante estudo que teve como objetivo: “identificar a ocorrência de povoamento indígena na região conhecida como Vale do Sabugy no período do pós-contato (séculos XVII e XVIII), e sua participação na história e na sociedade destas terras cortadas pelos rios Sabugy e Capauá após a interiorização da colonização” (MORAIS, 2011:9). Segundo o autor, a inquietação sobre a existência de povos indígenas em Santa Luzia vem desde a sua infância e perpassou o tempo tornando-se o objeto de seu trabalho ...

Últimos dias de inscrição no Prêmio Professora Aristana de Brito Guerra. Veja como participar:

Estão chegando ao fim as inscrições para a 2ª Edição do concurso de vídeos Prêmio Professora Aristana de Brito Guerra. Os interessados e interessadas em participar têm até o dia 07 de julho de 2018 para gravarem seus vídeos de até  2 minutos, postarem no YouTube e preencherem o formulário de inscrição no site www.eueminhaescola.com .  Este ano os vídeos devem abordar o tema " as águas de minha terra " e podem ser produzidos por alunos e alunas de escolas públicas e privadas de todas as cidades do Vale do Sabugi com  a ajuda de seus professores.   A Comissão lembra que já há vídeos inscritos e que é da responsabilidade dos seus autores o compartilhamento deles nas redes sociais. "Os autores precisam lembrar que o número de visualizações do vídeo no YouTube será utilizado como parte da nota final e, por isso, é preciso estimular os internautas a assistirem as produções. Quando mais plays, mais chance de vencer", destacou professor José Aderivald...

Monólogo do Açude Novo

Construção do Açude de Santa Luzia PB  Mário Ferreira, figura muito importante que guarda a memória dos grandes momentos de Santa Luzia, compartilhou um texto que ele encontrou com o título de Monólogo do Açude Novo de autor não identificado, mas que foi escrito aos 50 anos de construção do manancial. Trata-se de um texto antigo, mas importante e que agora faremos conhecer : "Sou o velho Açude Novo. Filho do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contras as Secas), que é filho de José Américo de Almeida. Filho de planejamento; porque filho mesmo eu sou do sertanejo e da natureza que, num jogo de amor estranho, me deram origem. Aqui, a natureza arrependida de castigar o sertanejo, confabulou com ele num idílio comovente que chorava. E nas lágrimas, vertidas na forma de suor humano, surgiram as primeiras células do conteúdo líquido que é o meu ser. E essas lágrimas tépidas, caídas à custa de trabalho pesado, tocaram o céu que se enterneceu e lavou as encostas da Borborema. ...