Com várias semanas de atraso estamos postando o primeiro texto da coluna da Crônica Política que prometemos. A partir de agora, vamos postar semanalmente um texto sobre política que aparecerá inicialmente na página principal, mas depois será arquivado na página "Crônica Política". Aguardamos sugestões e críticas. Ressaltamos que, devido o período, precisamos tomar cuidado com a forma dos nossos comentários. O Primeiro texto recebe o título "Precisa ser médico para ser bom prefeito?" A resposta espero que o leitor nos ajude a construir.
O Jornal da Paraíba
trouxe, na edição deste domingo, uma nova coluna sobre a política em nosso
Estado que revela coisas muito interessantes. No primeiro artigo da série “Cajazeiras:
Oligarquias dominam a política”, o jornal enfatiza a concentração do poder
político, ao longo da história, entre três famílias, a saber, Rolim, Cartaxo e
Coelho. A informação que consideramos
mais curiosa vem na seguinte afirmativa
da autora do artigo: “Ao longo dos 61 anos , dos 15 pleitos para prefeito, nove
foram vencidos por médicos” e ela completa o raciocínio dizendo que “a
explicação pode ser encontrada, entre outras razões, no papel clientelista desempenhado
pelos médicos sempre em contato com a população carente de cuidados permanentes
com a saúde.”
Desse fato
surgem as perguntas que não querem calar “e para ser prefeito é preciso ser
médico”? Ou ainda, por que os partidos privilegiam como candidatos os médicos? A
primeira coisa que deve ser dita é que os médicos podem e devem ser candidatos –
nisso não há problemas. Entretanto, a coisa fica problemática quando se mistura
o seu trabalho com a campanha isso configura uma questão ética muito séria que
é privar parcela de indivíduos do acesso a saúde para beneficiar a outra
parcela que vota no médico. Ou, ainda mais sério, usar a situação de
fragilidade de uma pessoa que precisa de atendimento para conquistar o seu voto
induzindo essa pessoa a acreditar que deve um favor pelo bom atendimento. Existem médicos sérios, éticos, mas há aqueles que usam de sua posição para ter status político. Temos que separar um tipo de médico do outro. Assim como há servidores públicos, não necessariamente médicos, que usam sua função para pescar votos para si ou para seu chefe. Estes abusos são uma mancha na democracia.
Estas
práticas colaboram muito para que o eleitor esquecesse que, estando em um
hospital, PSF, Clínica Pública necessitando de um serviço de saúde o bom
atendimento é um direito de cada um e de todos e não um favor político. Temos
que abrir nossa mente para compreender que, necessariamente, não é fato de ser
médico que torna o sujeito um bom prefeito, mas é a sua postura diante das
obrigações de um gestor público. Sou da opinião que, antes de perguntar a
profissão do candidato é preciso ver toda a sua história pessoal, suas idéias,
seus aliados etc. Podemos ter bons prefeitos sem que estes sejam médicos.
E aqui a idéia mais importante que pretendo
destacar: “temos que desconfiar de todo candidato, médico ou não, que um dia
lhe ofereceu um serviço público dizendo que você só foi beneficiado causa dele.
Essa falácia: “você só foi atendido por minha causa”, “se não fosse dr. Fulano”
precisam ser vista de um ponto de vista crítico. Nenhuma consulta feita pelo
médico é gratuita, nenhuma amostra de remédio que você recebeu foi gratuita,
nenhuma aposentadoria que você conseguiu foi um ato de bondade...
Resumo:
nenhum gestor será bom por causa do diploma de médico ou qualquer outro tipo de
diploma; os médicos podem ser candidatos, mas não devem usar o serviço público
para tirar proveito eleitoral; nenhum funcionário público presta um bom
atendimento a você porque é uma pessoa caridosa e tudo mais... Estes são
direitos básicos e elementares da cidadania.
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