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Vamos esperar a próxima seca


Há exatos 20 anos, espeficamente em 1993, o Nordeste passara por uma grande seca. Houveram, inclusive, saques ao colégio Padre Jerônimo Lauwen. Segundo a antiga SUDENE 1.857.655 trabalhadores rurais que perderam suas lavouras foram alistados nas chamadas "frentes de emergência" naquele ano. Santa Luzia, para tentar suprir a demanda, perfurou poços em vários bairros. 2001 foi outro ano de seca sendo o prolongamento da estiagem que se alastrava desde 1998.  De seca em seca vamos sempre esperando que medidas sejam tomadas paras garantir a chamada “segurança hídriga”.
Em nível regional a transposição do São Francisco continua a paços lentos e cheios de problema. No local, os maiores mananciais estão secos e o maior problema, como eu já disse, é que a falta de manutenção, sobretudo, no açude José Américo, reduz a capacidade de acumular água e também a qualidade da água dados o assoreamento e a sujeira na área de inundação.
O que eu quero chamar a nossa atenção hoje é que, a cada ano bom de inverno, esquecemos daquilo que sofremos na seca anterior e, com isso, não nos preparamos para armazenar água com qualidade  e quantidade. A proposta não é difícil de entender e nem inédita: atendamos a demanda atual de água e, imediatamente, comecemos a trabalhar na construção de estruturas (açudes, barragens subterrâneas, cisternas, etc.) para reservas futuras.
A questão da remoção da vegetação da área de inundação do açude de Santa Luzia, parece que já se tornou uma questão que envolve a todos: já foi feito abaixo assinado pelo Batista Alves e pela Colônia de Pescadores solicitando a limpeza e o desassoreamento do açude, o prefeito afirmou que tem intensão de ajudar a fazer a manutenção do açude. Mais ainda fica muito a se fazer. A perfuração de poços em regime de emergência, a construção de mais cisternas, mesmo nas casas que já as têm, barragens etc.
Mas como? Perguntam os que leem minhas propostas. Cobrando do governo federal através de seus órgãos – DNOCS, ADENE, etc.; da secretaria de recursos hídricos do Estado. Depois, cobrando emendas parlamentares com o fim exclusivo da garantia de recursos hídricos, do seu uso racional, etc.Este é um bom tema para uma audiência pública encabeçada pelos senhores vereadores.
Vamos esperar a próxima seca? Ou vamos nos unir em torno do planejamento e da execução de ações que garantam segurança hídrica mesmo em tempos de seca. E aqui vai  o último lembrete: a luta pela água não se encerra com um ano bom de inverno. Temos que lutar para ter água e para mantê-la. É o que penso.


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