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Um retrato da educação municipal segundo resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização (PARTE I)

Enquanto as pessoas estão preocupadas em definir a melhor chapa de prefeito para o ano que vem, eu fico pensando em soluções para os problemas da cidade. Quais problemas? Um deles envolve a qualidade da educação. Essa é minha área e falo dela com muita tranquilidade e sem receio. O INEP divulgou os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização os quais apresentam um quadro preocupante para o Brasil, como o próprio ministro o disse, tendo em vista que 57,07% das crianças brasileiras avaliadas tiveram desempenho insatisfatório ficando no nível 1 de uma escala que vai até 5.

A meu juízo, os dados são preocupantes para Santa Luzia porque indicam um retrocesso dos pequenos avanços que tinham sido conquistados. Começo pelos dados referentes a censo e a situação geral das escolas.

Elaborei essas tabelas, a partir dos dados do INEP, para que nós pudéssemos comparar Santa Luzia com ela mesma e também com  as escolas estaduais que foram avaliadas, bem como com a média de todas as redes municipais públicas. Estamos falando sempre de escola pública.

É importante considerar sempre essa legenda: Santa Luzia refere ao indicador que resultou das 4 escolas avaliadas; ME – é a média estadual; MTRM – Média de Todas as Redes Municipais (relembrando só as públicas). 

TAXA DE APROVAÇÃO

No caso da taxa de aprovação, em 2013, a situação era ótima porque só o 4º ano registrou taxa abaixo de 90%. Porém, houve retrocesso porque caiu a taxa no 4º ano (-2,9%) e no 5º ano (-6,7%). Isso indica um problema dentre outros possíveis: a transição da primeira fase do ensino fundamental para a segunda é marcada por dificuldades de aprendizagem que redundam na redução da aprovação. Tal efeito vai se arrastando até o ensino médio.

TAXA DE REPROVAÇÃO

Se a reprovação não é problema no 1º e 2º, nas demais séries o problema aparece. 4º e 5º ano apresentam problemas que merecem muita atenção. Reparem que a reprovação no 4º ano em 2014  foi 6,7% maior que no ano anterior e também no quinto houve aumento sendo de 3,5%. A tendência é que o aluno vá acessando conteúdos mais complexos para os quais ele precisa um certo acúmulo de conhecimento. Questiona-se como está a preparação da base desses alunos? Saem, de fato, alfabetizados e prontos para novos conhecimentos?

TAXA DE ABANDONO

Felizmente a rede municipal vem reduzindo a taxa de abandono em todas as séries. Ainda assim, ela foi alta em 2013 e pode reduzir mais. É preciso lembrar aos pais que eles podem responder criminalmente na justiça por não garantirem o estudo dos filhos.

TAXA DE DISTORÇÃO IDADE X SÉRIE

Santa Luzia participou de um programa do MEC chamado Programa Nacional Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) que ofereceu cursos a determinados professores e uma bolsa de R$ 200,00 com  o objetivo capacitar os professores para que consigam alfabetizar na língua portuguesa e na matemática até o 3º ano de modo que isso evite, no futuro, problemas de inadequação entre a idade do estudante e a sua série. Mas o que se observa é que 11,4% (já foi maior) estão no 3º com a idade errada. E a distorção no 1º e 2º cresceu. É preciso rever as falhas na alfabetização, justamente a fase de maior responsabilidade dos municípios.

PROFESSORES LECIONANDO A DISCIPLINA NA QUAL FORAM FORMADOS

Santa Luzia é uma cidade que tem um invejável percentual de professores com graduação e especialização. Nessa parte avançou bastante Santa Luzia porque mais da metade de seus professores (50,08%) estão ensinando a disciplina na qual se formaram. Exemplo: professor que fez faculdade de história dá aula de história.  Mas, por outro lado, 25,70% dos professores estão dando aula em disciplinas diferentes daquela em que se formaram. Exemplo hipotético: formou-se em história e dá aula de matemática. E 21,4% não têm formação superior. Serão estes professores sem formação adequada os contratos sem concurso? Alguns provavelmente. A inadequação entre a disciplina em que se formou e a que efetivamente leciona é um problema.

EVOLUÇÃO DO IDEB
A pontuação de Santa Luzia, rede municipal, no IDEB caiu. Ainda assim, o município está acima das metas estabelecidas pelo MEC. Por outro lado, o desempenho municipal, do ponto de vista do IDEB, está abaixo da média das escolas estaduais. Curioso que, em muitos casos, o professor que está na rede municipal também está na Estadual. O que colabora para esta disparidade? O desafio daqui em diante é retomar o crescimento do IDEB  e de modo que seja expressão da pura realidade e não apenas uma abstração matemática. 

Existem muitos dados referente à matrículas, número de alunos por turma, quantidade de alunos atendidos por professor etc. Mas, isso a cargo dos leitores pesquisarem (http://ana.inep.gov.br/ANA/). Resta lembrar que há disparidades entre os resultados das escolas ainda que estejam no mesmo nível praticamente. Um desafio para o futuro é se estabelecer um padrão de qualidade seja do trabalho, seja da infraestrutura para todas as escolas.

Na segunda parte, que devo publicar na sexta, vou mostrar quais foram os resultados da aprendizagem dos alunos que participaram da avaliação que envolveu quatro escolas da zona urbana de Santa Luzia. No geral, a maioria dos alunos de Santa Luzia ficaram entre os níveis 1 e 2.

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