Daniel Vargas* |
No
primeiro post da série, abordei como o surgimento da nova classe média
vem acompanhado de mudanças importantes na sociedade brasileira.
No segundo post, examinei como essas mudanças revelam algumas das feridas históricas de nosso país. Também defendi que o Brasil hoje possui rara oportunidade de exercer uma 'opção nacional' de jogar fora a roupa velha e construir as bases de novo modelo de desenvolvimento.
Após abordar mudanças na economia e na educação, agora examino mudanças na política e no Estado, tão decisivas para fixar nova rota nacional.
No segundo post, examinei como essas mudanças revelam algumas das feridas históricas de nosso país. Também defendi que o Brasil hoje possui rara oportunidade de exercer uma 'opção nacional' de jogar fora a roupa velha e construir as bases de novo modelo de desenvolvimento.
Após abordar mudanças na economia e na educação, agora examino mudanças na política e no Estado, tão decisivas para fixar nova rota nacional.
10. A política brasileira precisa se transformar
A
medida mais premente é realizar uma reforma que emancipe a política
brasileira da influência do dinheiro – ou política continuará a ser
vista como atividade suja e menor.
Também
é fundamental mudar, na raiz, a concepção do constitucionalismo
brasileiro. Constituição não é para dizer que não pode, que não dá,
para frear ou interromper a política.
Ao
contrário, precisamos de Constituição para ativá-la, para reunir e
comprometer o melhor de nossas inteligências e de nossa energia no
enfrentamento de nossos problemas mais prementes e na realização de
nossos sonhos mais elevados.
Para
isso, deve-se substituir o esqueleto de aço do federalismo e da
separação de poderes no País por regras mais maleáveis, que permitam e
estimulem a colaboração entre os poderes e entre os entes federados.
Também
é importante oxigenar a democracia representativa com canais de
participação direta, ampliando os canais de participação política, seja
via plebiscitos e referendos, seja via organização popular em redes de
iniciativa e empreendedorismo.
11. Modernizar o Estado
Deve-se mudar o Estado em nome da realização deste novo modelo de desenvolvimento.
O Estado reconstruído resultará da combinação de três tarefas.
A
primeira é aprofundar a profissionalização da administração pública,
reduzindo o número de cargos comissionados de livre nomeação por quadro
profissional qualificado, supervisionado interna e externamente, e
operando segundo metas flexíveis.
A
segunda é adaptar, ao setor público, métodos e princípios típicos do
setor privado. A administração pública deve pautar-se pela eficiência,
mas sem perder de vista que, no caso do Estado, a eficiência é ditada
por normas públicas e não pela ação livre do servidor.
A
terceira é flexibilizar os critérios de prestação de serviços públicos,
como saúde e educação, aproximando o Estado, o mercado e a sociedade
civil, em regime de colaboração, na satisfação de fins sociais.
12. Rota autêntica
O conjunto de medidas apresentadas aqui e nos posts anteriores, em grau intermediário de generalidade, mostram rota autêntica para o desenvolvimento do País, capaz de oferecer à grande maioria do seu povo a chance de aprender, trabalhar e produzir.
12. Rota autêntica
O conjunto de medidas apresentadas aqui e nos posts anteriores, em grau intermediário de generalidade, mostram rota autêntica para o desenvolvimento do País, capaz de oferecer à grande maioria do seu povo a chance de aprender, trabalhar e produzir.
Ao
fazer isso, o Brasil também pode servir de inspiração para nossos
irmãos latino-americanos e africanos, para nossos amigos asiáticos, e de
lição para a Europa e os Estados Unidos no seu desafio atual de superar
a crise do arranjo social-democrata.
No
século XIX, Hegel dizia que a instalação de nova consciência no novo
mundo – os EUA – representava a expansão do espírito. Espírito, para
Hegel, significava forma de vida auto-consciente, energia reflexiva, luz
própria. Os Estados Unidos, por assim dizer, representavam a expansão
auto-consciente das possibilidades de pensar e de agir no mundo.
Hoje,
o novo mundo é a América Latina, a África e a Ásia. É nessas regiões
que o mundo começa a presenciar uma nova etapa da expansão do
espírito. A ascendência da classe média no Brasil e o seu efeito ácido
sobre a forma dominante de organização da economia, da sociedade, da
cultura e da consciência escancaram o futuro diante de nós.
Cabe
só a nós, agora, decidir se vamos assumir essa responsabilidade e
construir um novo modelo de desenvolvimento, que abrace a classe média,
una o País e contribua com a humanidade, ou se vamos continuar vestindo a
roupa velha.
===============
* Daniel Vargas, amigo de João Telésforo, faz doutorado em Direito na Universidade de Harvard e trabalhou na
Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República durante o
Governo Lula (tendo chegado a ser Ministro Interino)
A Série completa pode ser encontrada no blog Jogue fora a roupa velha para acessar clique AQUI
eu não entendi nada
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