O fenômeno
La Niña se configurou recentemente no Oceano Pacífico Central, que está
atualmente com temperaturas variando entre 05°C e 2°C abaixo da média.
As chuvas
de outubro e novembro no interior da Paraíba são sinais da influência do
fenômeno no clima do semiárido nordestino. Além disso, outro importante
aspecto deve ser considerado, o fato do Oceano Atlântico Norte está
pouco quente, com temperaturas em torno de 1°C acima da média, fato que é
bastante positivo para o período mais chuvoso do norte do nordeste que
dura de fevereiro a maio.
Quanto mais
frio estiver o Atlântico Norte, dentro do referido período, mais chuvas
ocorrem no interior nordestino e especificamente paraibano. É dentro do
citado período, que o Oceano Atlântico Sul atinge seu pico de
temperatura acompanhando o verão do hemisfério sul, assim a configuração
ideal para um ano chuvoso no semiárido paraibano é:
Atlântico
sul quente e Atlântico norte frio, formando o chamado dipolo negativo
do Atlântico, e, além disso, um Pacífico frio, com a presença de um
evento de La Niña como está ocorrendo atualmente.
Continuando
a tendência de resfriamento do Atlântico Norte, e de aquecimento
intenso do Atlântico Sul para o verão que se aproxima, o semiárido
paraibano terá um bom inverno, com boa perspectiva de sangria de açudes e
barragens e muita pastagem para os rebanhos.
As chances de chover abaixo da média são mínimas, e a possibilidade de seca na região é praticamente nula.
Apesar da presença do fenômeno La Niña, 2012 será ano de chuvas irregulares
Uma
das principais características do clima do semiárido nordestino é
irregularidade e má distribuição espacial e temporal das chuvas. Em anos
de El Niño essas características são muito evidentes além de chover
abaixo da média histórica. Em anos de La Niña, a irregularidade e má
distribuição das chuvas também existe, as pesquisas e a própria
experiência mostram isso.
Quem não
lembra 2008 e 2009, em que as chuvas caíram quase de uma vez, em 2008,
os meses mais chuvosos foram março e maio. Só no mês de março de 2008
choveu em Patos 519 mm. Em 2009, considerado ao lado de 1985 um dos anos
mais chuvosos da história do semiárido paraibano, choveu no mês de
abril 525 mm e em maio foram registrados 375 mm, ou seja, choveu 900 mm
em apenas dois meses.
Em ambos os
anos, o fenômeno La Niña se fez presente, no entanto, a irregularidade
das chuvas prejudicou a agricultura da região. Em 2011, houve
irregularidade das chuvas no mês de março, no qual choveu abaixo da
média em muitos municípios do estado, prejudicando novamente parte das
culturas agrícolas. Para 2012, La Niña como já frisei, influenciará a
distribuição espacial e temporal das chuvas em várias regiões do Brasil,
e no caso do semiárido nordestino, a irregularidade das chuvas também
se fará presente.
Rodrigo Cézar Limeira – meteorologista - Equipepatosonline.com
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