ORIGEM DO MUNICÍPIO
A origem do município de Santa Luzia está ligada a várias versões: Segundo uns, teria sido Isidoro Ortins de Lima que, em 1702, estabelecera-se "junto à cachoeira do Ingá ou Angá, onde hoje encontra-se o sítio Esguicho" e que, posteriormente, entre 1762 e 73 teriam chegado ao local (já colonizado), os portugueses Geraldo Ferreira das Neves e Miguel Bezerra Ressurreição, adquirindo diversas fazendas; outros, citam o sargento-mor Matias Rodrigues Cabral e Manoel "como os primeiros civilizados a se estabelecerem na Zona do Sabugí e adjacências"
Baseado em documento arquivado no Cartório de Pombal, Wilson Seixas esclarece o assunto:
"As origens do atual município de Santa Luzia datam das primeiras décadas do século XVIII. Uma fazenda de gado denominada São Domingos, situada às margens do rio Capauá, ribeira do Seridó, cuja metade da terra foi doada pelo português Geraldo Ferreira das Neves para patrimônio da capela de Santa Luzia, serviu de base para o povoamento e colonização do município.
Na referida fazenda morava Sebastião de Medeiros Matos que, ao se casar com Antonia de Morais Valcácer, sobrinha do português Geraldo Ferreira das Neves, recebeu como dote matrimonial, por ocasião do seu casamento, metade da fazenda São Domingos, ficando a outra para patrimônio da capela de Santa Luzia, cuja administração ficou a cargo de Sebastião de Medeiros, com a condição de pagar anualmente seis mil réis para ornamento da referida capela.
A escritura de doação para patrimônio da capela de Santa Luzia foi registrada, aos 10 de fevereiro de 1756, nos Livros de Notas do antigo Julgado do Piancó, hoje Cartório do 1º Ofício da Comarca de Pombal.
Pela escritura, ficamos sabendo que Geraldo Ferreira das Neves é a primeira figura que aparece no povoamento de Santa Luzia e o primeiro a fazer doação de terras para patrimônio da Capela de Santa Luzia. Em 1756, já não existe mais, tanto que o seu testamenteiro José Fernandes Freire, comparecendo ao Julgado do Piancó, aos 10 de fevereiro daquele ano, declarou que "0 defunto Geraldo Ferreira das Neves, em seu testamento havia feito uma doação para patrimônio da capela de Santa Luzia que estava edificando no sítio do mesmo nome. E como o testador não tinha feito ainda a doação através de escritura pública, mas sim verbalmente, pedia então o testamenteiro José Fernandes que fosse feito o registro da escritura nos Livros de Notas do Julgado, confirmando a doação que fizera Geraldo Ferreira das Neves à capela de Santa Luzia, da metade da fazenda São Domingos, onde morava o seu sobrinho Sebastião de Medeiros Matos.
Segundo os Livros de Notas do velho Julgado do Piancó, em 1741, já o português Geraldo Ferreira das Neves, morava no sítio Santo Antônio, ribeira do Seridó, época em que doou "um sítio de criar gados chamado Tamanduá, sito na ribeira do rio Capauá "do qual sítio, disse ele: "doava como de fato doou às suas sobrinhas Antonia e Maria, filhas do seu irmão Luiz Ferreira das Neves, de seu modo próprio e sem constrangimento de pessoa alguma para que as ditas doadas logrem o dito sítio como doadas sem que é e fica sendo e haja para sempre por seus herdeiros ascendentes e descendentes".
À luz desses documentos, temos que dar a prioridade de fundador a Geraldo Ferreira das Neves, até porque, sabemos que os fundamentos de uma povoação se davam ao redor de uma Capela. Seguindo ainda as palavras de Wilson Seixas:
"(...) Distinguimos apenas o português Geraldo Ferreira das Neves. Pouco importa que outros sesmeiros tenham adquirido terras naquela região, quando, na realidade, é a figura de Geraldo que primeiramente aparece no povoamento de Santa Luzia e a quem cabe a glória de ter sido o seu fundador. Foi quem primeiro chegou ali, povoou a terra e estabeleceu culturas, teve o sentimento de erigir uma capela em torno da qual cresceu e se desenvolveu o atual município de Santa Luzia (... )"
As famílias responsáveis pelo povoamento de Santa Luzia foram as Ferreiras das Neves, Valcácer de Morais, Dantas Nóbrega, Medeiros e Araújo. Houve grande entrelaçamento entre elas, especialmente a Nóbrega, Dantas e Medeiros.
A região desenvolveu-se de maneira simples em se tratando de usos e costumes. Porém a população vivia em torno dos grandes latifundiários, ricos proprietários, cuja base e comércio eram o gado e o algodão.
O Algodão - Com a Guerra da Secessão dos Estados Unidos, ocupava as grandes extensões das fazendas do interior, chegando a ser o produto básico da receita provincial e esteio financeiro da administração, superando a riqueza da lavoura do açúcar.
A valorização da cultura algodoeira deu acentuado progresso às localidades sertanejas, especialmente àquelas de melhor clima. Foi um período áureo para Santa Luzia que produzia a melhor fibra.
O povoado começou a experimentar os primeiros sinais do seu desenvolvimento. Em 1850, já apresentava melhor expressão urbanística com a expansão demográfica, sede do distrito. Em 1857, foi criada a freguesia de Santa Luzia, pela Lei Provincial nº 14.
A criação de uma freguesia era de grande significado na estrutura político-administrativa. Não significava só a presença permanente do vigário a desempenhar o seu ministério. Era a formação celular da unidade política, com as prerrogativas do regime de representação através do colégio paroquial, que reunia os seus votantes na escolha de primeiro grau, para indicação dos eleitores que, em seu nome, iam exercer o direito do voto, elegendo os seus representantes às câmaras municipais, às assembléias provinciais e às câmaras temporárias.
Com o final da guerra nos Estados Unidos, caíram as exportações, e com sensíveis prejuizos para a economia local.
O interior não era assistido pelos poderes públicos e o seu desenvolvimento estacionou, sem condições de enfrentar as secas que sempre castigaram o sertão.
Em 1866, o Padre Ibiapina, que tanto espalhou benefícios no interior da Paraíba, ampliou o açude construído por Geraldo Sobrinho e fundou uma Casa de Caridade.
Em 24 de novembro de 1871, pela Lei Provincial nº 410, o Distrito de Santa Luzia do Sabugi foi desmembrado do município de Patos e elevado à categoria de Vila, sendo instalado o novo município a 27 de julho de 1872. Adquiriu foros de cidade a 30 de março de 1938. Pela Lei nº 520, de 31 de dezembro de 1943, o município passa a chamar-se Sabugí, voltando à denominação atual a partir de 7 de janeiro de 1949, pela Lei nº 318. No decorrer do processo histórico, o município sofreu constantes alterações com o desmembramento de Junco do Seridó, São José do Sabugí, Várzea e São Mamede.
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