Quero dedicar um espaço no Blog para homenagear Manoel de Bia. Quantos já não se divertiram ao som de seus cocos de roda, das baionadas que ele tocava nos tempos áureos em que o São João era São João em Santa Luzia (entendo que atualmente São João é sinônimo de show de forró). Em um ano desses ai, nos tempos de outrora, Manoel de Bia estava fazendo uma baionada com o falecido poeta José Aleixo Criança quando um parente seu chega, meio quente, puxando fogo como a gente diz. Ele trazia um grilo grande e verde... Se aproximando dos cantadores diz: "tá ai prendi o devorador do fruto da roça alheia". Manoel de Bia, sabido como é faz os seguintes versos:
PRENDI O DEVORADOR DO FRUTO DA ROÇA ALHEIA
Esse grilo é um ladrão
Que vivia no meu roçado
Com outros seus aliados
Dessa mesma profissão
Por uma contradição
Agora vai pra cadeia
Passar fome, levar peia
Por se um destruidor
Prendi o devorador
Do Fruto da roça alheia
Esse grilo destruía
As ramas do meu roçado
Frutos que eu tinha plantado
Gerimun, melão e melancia
Tudo isso ele comia
Tava de barriga cheia
Sim que nunca trabalhou
Prendi o devorador
do fruto da roça alheia
Eu perdi a paciência
Por ver a destruição
Desse grilo ladrão
Nada dá de assistência
ele pegava a ausência
Do povo daquela aldeia
Entrava de cara feia
Como se fosse agricultor
Prendi o devorador
do fruto da roça alheia
Hoje teve a pouca sorte
foi aprisionado
Vai ser condenado
Talvez a pena de morte
Quem julgava-se o forte
Naquelas várzeas de areia
Hoje nen se quer passeia
Nos lugares que já passou
Prendi o devorador
do fruto da roça alheia
Você não tem mais soltura
Já tá lavrado o processo
Nem tribunal nem congresso
Defender você procura
Você vai pra uma cela escura
Só vendo a brecha da telha
Devido as coisas mais feias
Que você já praticou
Prendi o devorador
do fruto da roça alheia
Amanhã de manhã
vou levar você danado
Pra um lugar reservado
No terreiro da cozinha
Lugar de muita galinha
Num barro sem ter areia
Pra ver pinicada cheia
Dum galo velho brigador
Prendi o devorador
do fruto da roça alheia
Muito bom Zé...
ResponderExcluirÉ preciso valorizar estes grandes talentos santa-luzienses que passam despercebidos atualmente e que nadam no sentido contrario a grande mídia burra que converte multidões de alienados que não valorizam um belo trabalho como o de Manoel de Bia. É triste sabermos que um artista como este, que nos tempos áureos do São João santa-luziense embalava as nossas festas, de um instante para outro vê que o seu trabalho, que tanto alegrou o povo, já não tem mais espaço e é trocado por qualquer besteira que a grande massa alienada recebe passiva e satisfeita.
Abraço meu amigo.
Até breve.
É Zé agora me vieram as lembranças dos fins de tarde de São João quando podia ter o grande prazer de ver seu Erico, Canã, e muitas outras pessoas que o tempo nos levou, dançando coco de roda em frete ao mercado publico que também virou passado, até parece que o povo era mais feliz com sua realidade e tradição local, de tudo isso o tempo nos deixou quase só o velho poeta e as muitas lembranças. SALVE ! POETA MANÉ DE BIA.
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